Revisitando Elden Ring: Uma Review
Em breve a nova DLC de Elden Ring, Shadow of the Erdtree vai ser lançada, e decidimos revistar o jogo base para preparação para a mais nova aventura da From Software.
O Mundo e a história
Elden Ring se passa nas Terras Intermédias, povoada por deuses e semideuses. O objetivo do jogador é reconstruir o Elden Ring, que foi dividido em várias partes e agora semideuses detém os poderes desses pedaços e cabe ao jogador recuperá-los, derrotando os chefes.
A construção de mundos de Miyazaki nunca falhou, e ao lado de George R. R. Martin, ela se supera a cada cavalgada. Cheia dos mais variados monstros e criaturas conhecidas, as Terras Intermédias são um show de fantasia, um mundo conectado por uma épica história de guerra, traições e maldições. Muitos elementos narrativos presentes aqui são inspirados em tragédias típicas da literatura medieval inglesa, em que grandes homens(reis, ricos) caem em desgraça proveniente de suas ações. Apesar de Martin ser um fator que aumenta este tipo de elemento em Elden Ring, Miyazaki já fazia uso dessas adaptações não diretas, como em Demon 's Souls.
A Exploração
As áreas exploráveis transmitem bem o lado épico. Seu personagem, que começa como um guerreiro fraco, passa por grandes castelos, pântanos envenenados e até mesmo por uma cidade subterrânea, evoluindo suas habilidades e equipamentos, tudo ao melhor estilo “Souls” desafiando ao máximo a determinação do jogador. Infelizmente a grandeza do mundo de Elden Ring traz problemas que muitos jogos atuais possuem.
A exploração de Elden Ring é muitas vezes recompensadora, obviamente em um RPG, você receberá itens ou armas que não combinam com sua build. Mas o problema real da exploração é a repetição. Jogos antigos possuíam dungeons com a mesma temática pois tinham suas limitações. Já em Elden Ring, as masmorras, por exemplo, depois das 3 ou 4 primeiras, se tornam maçantes ao invés de marcantes, já que são extremamente similares visualmente e nos seus desafios.
E não são apenas masmorras que se repetem, chefes que parecem grandiosos a primeira vista se tornam inimigos padrões em áreas futuras, isso não seria um problema se tivesse um sentido narrativo, como demonstrar que o seu personagem evoluiu(como acontece com os Capra Demon’s em Dark Souls), o problema mesmo é que neste aqui chega acontecer o absurdo de você enfrentar um chefão numa parte do jogo, e depois enfrentá-lo de novo, desta vez obrigatoriamente, como se fosse um grande momento, o que não é.
O Nobre da Pele Divina é um chefe enfrentado mais de uma vez, e obrigatoriamente é um chefe quase ao final do jogo. |
Até mesmo as emocionantes batalhas com dragões se tornam um estorvo ao jogador que perceber que os ataques dos dragões variam apenas em tipo de dano ou aflição.
Outro problema, que antes era um trunfo nos jogos anteriores da From Software, são as missões de NPC. Com um mundo tão expansivo, muitas missões são perdidas, encontrar aliados ou inimigos que realmente se conectam ao jogador se torna uma tarefa árdua sem um guia. Tanto que os NPCs aqui são menos marcantes para mim do que os de Dark Souls, por exemplo. Infelizmente a fórmula de mundo aberto trouxe grandes méritos para Elden Ring, mas acabou também diluindo a profundidade que tanto amamos nos jogos anteriores.
Os Chefes
Muito do que define um Souls Borne são os chefes, e apesar das repetições em chefes opcionais, Elden Ring guarda uma era inteira de experiências para criar batalhas épicas de encher os olhos, tanto de lágrimas quanto de efeito de luzes e faíscas. Os deuses, semideuses, reis e guerreiros das Terras Intermédias são rápidos, fortes e cheios de habilidades que desafiam até mesmo veteranos do gênero. General Radahn é um poderoso semideus que deve ser enfrentado em um campo de batalha imenso. Na sua segunda etapa de batalha, ele cai dos céus como um meteoro.
Em um belo campo de flores dentro de uma gigantesca árvore se encontra Malenia, extremamente veloz que usa podridão escarlate para derreter a vida do jogador. De gigantes de fogo a cobras imensas, Elden Ring cria um panteão de chefes marcantes que talvez seja o melhor da saga inteira.
Sabemos que os jogos da From Software são bastante interpretativos, e é um deleite poder refletir sobre alguns chefes e poderíamos ficar horas aqui falando sobre cada chefe principal do jogo(e talvez isso dê uma série de textos no futuro), mas gostaria de refletir sobre um específico que demonstra a capacidade narrativa de Elden Ring: Godrick O Enxertado.
Este chefe vem de uma linhagem importante e é governante de um castelo. O nome dele vem dos enxertos que ele faz em si mesmo de pessoas e criaturas que matou. E a grande reflexão é sobre como ele é um homem poderoso, mas a maior parte do seu poder vem dos outros, tal qual um rei que explora seu povo para continuar forte, e poder de verdade, não tem nenhum. Mais catártico ainda é que sua derrota vem de um plebeu, um maculado que ele clama que “se ajoelhe” perante ele. No fim, derrotado pelas mãos de alguém que julga inferior, ele morre ainda acreditando que o que tem de mais precioso é aquilo que é feito de ouro.
Conclusão
Elden Ring reúne a sabedoria de anos de Miyazaki com o talento de George R. R. Martin para criar uma experiência memorável, que apesar de carregar pontos negativos ao adicionar um mundo expansivo em sua fórmula, acaba sendo um problema pequeno quando as faíscas de sua espada ou o brilho infinito de sua magia derrubam um chefe gigantesco com mil anos de experiência, e o que fica é o êxtase de uma aventura épica ao terminar cada etapa minimamente orquestrada pelo excelente time da From Software.
Comentários
Postar um comentário