Silent Hill 2 Remake: Uma Review

 Silent Hill 2 foi lançado originalmente para PS2 em 2001, desenvolvido pela Team Silent e publicado pela Konami. Já o remake, lançado em 8 de outubro de 2024 para PS5 e PCs, foi desenvolvido pela Bloober Team e publicado pela Konami. 

Esta review foi feita na versão de PS5. Antes de falarmos do jogo em si, vamos tirar da frente a parte técnica da versão de PS5. O jogo é muito bonito e possui dois modos gráficos: um deles foca em definição 4K a 30FPS e outro em performance mirando os 60 FPS numa resolução menor. Jogamos na versão 60FPS e notamos poucas quedas na taxa de quadros. Notamos que o jogo é bastante escuro e existe pelo menos 1 hora de gameplay até a entrega da lanterna, o que pode causar um cansaço visual em alguns jogadores.

O DualSense é uma adição legal, mas poderia haver mais elementos que utilizassem todo o potencial do controle. Em momentos de chuva, o controle vibra como se fossem pingos caindo do céu, e tomar porrada e bater em inimigos parece mais brutal com as vibrações do DualSense, mas nada, além disso. Poderiam haver puzzles implementando as features do controle, por exemplo.

“Could She Really Be Here?”

Silent Hill 2 fez algo praticamente inédito para os jogos quando foi lançado originalmente. Trazendo um personagem perturbado pelos seus erros, fraco e sem nenhum heroísmo dos protagonistas de jogos clássicos. A grande revelação ecoa até hoje e possivelmente se tornou um clichê na cultura pop, mas Silent Hill foi um dos pioneiros e com certeza foi um dos melhores a tratar do assunto e a proporcionar um baque tão profundo. Trouxe ainda uma narrativa aterrorizante e desconfortável com personagens coadjuvantes tão perturbados quanto nosso protagonista. Para aqueles que ficaram os anos sem receber o tal “plot twist” do jogo, a adição da Blooper Team em diálogos e cenas não afeta em nada a narrativa, mas a engrandece, trazendo mais escopo para a história, inclusive, com dublagem e atuações menos caricatas que a versão original. A cada momento, o jogo vai descascando seus personagens, trazendo à tona seus traumas, revelando quão profundo são os abismos de suas almas.

O jogo segue cheio de narrativa nas entrelinhas, um deles, em particular, sempre parece ser a construção de um jumpscare e nunca é, na verdade. Trata-se de momentos em que James enfia o braço em buracos em chãos e paredes. Para quem conhece a natureza total da trama, estas ações são bastante simbólicas e perturbadoras.

Diria Vincent em Silent Hill 3: “They looked like monsters to you”?

Os monstros de Silent Hill sempre foram um show de horrores com simbolismos. Trazendo de volta os designs dos monstros originais e algumas versões alternativas, Silent Hill 2 remake cria um ambiente claustrofóbico e assustador, com lugares infestados de inimigos. E para apimentar as coisas, o combate foi melhorado ao extremo, com James podendo desviar de ataques ou atacar com fúria seus carrascos, e ainda assim, podemos ver totalmente a inexperiência do personagem em não ser um herói de ação ou lutador nato, mantendo a sobriedade da saga. O looping de combate é interessantíssimo, permitindo ao jogador atirar na perna dos inimigos e derrubá-los com um golpe físico à lá Resident Evil 4.

Até mesmo as lutas com chefes foram melhoradas para combinar com o novo estilo de combate, trazendo momentos épicos e assustadores, os piores pesadelos que Silent Hill pode criar. Uma dessas lutas acontece contra um humano no jogo original, e era péssima, mas aqui no remake, a Blooper Team entregou um nível de qualidade excepcional, construindo uma batalha assustadora e com bom uso das mecânicas de combate.

“In my restless dreams, i see that town”

Citando novamente a ambientação, a Bloober Team pode agarrar os outros remakes de Silent Hill, pois eles criaram a versão mais macabra da cidade amaldiçoada. Com belos gráficos, ela recria os velhos e novos lugares com maestria, sempre trazendo a sensação de isolamento e paranoia. A prisão fica mais assustadora do que nunca, e o hospital se torna um passeio pela mente doente de seus funcionários e pacientes. Acompanhado pela bela trilha sonora de Akira Yamaoka, que traz novas músicas e reinterpretações de velhas conhecidas, a parte artística de Silent Hill 2 remake é perfeita. Os puzzles entram neste mesmo patamar de cuidado, seja na criação de novos ou dando mais profundidade aos antigos. Matar a resposta de um puzzle é extremamente recompensador e divertido.



O remake se torna a versão definitiva de Silent Hill 2, forjando um clássico com as novas tecnologias. A Bloober Team cria um caminho novo e esperançoso para a franquia, lembrando o que a saga perdeu com o tempo. Definitivamente, uma obra de arte.

Nota: 10,0 de 10,0 que um manequim me pegou desprevenido.

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