Desbravando A Quiet Place: The Road Ahead. Uma Review
A Quiet Place: The Road Ahead é um jogo de terror de sobrevivência desenvolvido pela Stormind Games e publicado pela Saber Interactive. Possui versões para PS5, Xbox Series e PCs. Esta review foi feita jogando a versão de PS5. No PS5, o jogo possui dois modos gráficos, um que foca em definição, e outro em taxa de quadros, já padrão de jogos da atua geração.
Uma história com um ótimo início…
A Quiet Place: The Road Ahead começa sua jornada com o jogador muito bem. Ele apresenta o perigo máximo deste mundo, mas o objetivo da protagonista (e do jogador) é encontrar um local seguro e proteger os que ama. O mundo construído e o objetivo simples são heranças dos filmes, que, no cenário caótico, preferem lidar com os "pormenores" dos seus protagonistas. Aqui, Alex é a protagonista, uma garota com asma que descobre logo cedo na trama que está grávida. O namorado dela (pai da criança) fica feliz com a notícia, o problema é que a mãe dele não é muito fã de Alex. Então, a trama também tem como tema problemas familiares, que num mundo normal poderiam ser algo a contornar, mas neste mundo dominado por predadores letais, tudo é um pouco pior do que deveria ser.
...mas que se perde no caminho
Posteriormente, a trama perde bastante força, tomando decisões que soam despreparadas e com pouca lógica narrativa, algumas que são evidentes que foram tomadas para manter a trama com menos diálogos e personagens possíveis. Um exemplo disso é um personagem que parecia ser um tipo de antagonista, mas que deixa de fazer parte da história no capítulo seguinte. As regras criadas pelos filmes são um desafio maior para o jogo, já que por vezes parece que o jogo se esquiva de alguns caminhos da trama que poderiam ser interessantes, mas foge disso para evitar quebrar estas mesmas regras.
A protagonista é funcional, e entendemos mais dela através de seu diário. O maior trunfo dela é o desejo de proteger seu filho/a, mas a construção dela não chega a ser das melhores. O arco narrativo dela, basicamente, confere pouquíssimas mudanças ao fim da jornada.
Existe um ponto fraco do inimigo explorado no jogo que me deixou incomodado, ele envolve uma espécie de objetos que são muito comuns no mundo proposto pela franquia, e se este objeto poderia ser usado como ponto fraco dos inimigos, talvez derrotá-los não fosse a coisa mais impossível do mundo.
Deslize na adaptação da história, mas acerto em cheio na adaptação de gameplay
Se o deslize acontece na parte escrita do jogo, nas decisões de gameplay as coisas são bem diferentes. O jogo brilha nas decisões de gameplay, trazendo várias variações que ajudam ou dificultam a vida de Alex. É possível criar caminhos silenciosos com sacas de areia, jogar objetos para distrair as criaturas, se esconder em locais com barulho de água (que impedem a ecolocalização das criaturas). Agora, para dificultar a vida, o jogador deve andar silenciosamente, observar onde pisa e evitar terrenos pedregosos, com folhas secas e até cacos de vidro. Todos estes tipos de terrenos fazem muito barulho e irão alertar o inimigo. Tomar cuidado com latas no chão é importante também (apesar de que, ao longo da jogatina, ver tantas latas no chão soa um pouco esquisito).
A maior parte do tempo, o jogador irá tentar atravessar sessões sem fazer barulho. Escalar objetos, carregar tábuas para atravessar vãos, abrir válvulas, destrancar portas, passar por tubos de ventilação, etc. A aventura é bem variada e com uma dose de dificuldade adequada. A asma da protagonista é um fator de dificuldade, já que a todo momento o jogador deve tomar cuidado com os níveis de respiração dela e do esforço físico que ela faz ao fazer as travessias pelo cenário. Este elemento, porém, é pouco usado ao nível narrativo, o que também incomoda. Perder em trechos específicos pode ser estressante para os mais impacientes, já que mesmo com um checkpoint próximo, repetir passos na velocidade lenta pode se tornar maçante. Nas horas finais, o jogo acaba ficando sem truques na manga e repetindo em demasia elementos de travessia como tábuas.
Eu demorei em torno de 8 - 9 horas para finalizar o jogo, tentando pegar o máximo possível de coletáveis. Não morri tantas vezes, mas tive dificuldades em algumas partes pontuais. O jogo tem o tempo necessário, e arrisco dizer que se ele tivesse 1 hora a menos, eu teria achado na medida exata, mas isto é puramente pessoal, já que o motivo da minha afirmação é um ponto bom do jogo: ele é muito enervante. Eu ficava a todo momento extremamente agoniado jogando, com medo de fazer barulho ou de ser surpreendido com uma das criaturas no meu caminho. Nas horas finais, eu já estava no meu limite de ansiedade, então, se você curte essas sensações, este é o jogo ideal para você.
Visual e sonoro
O jogo é lindo, e aqui a beleza gráfica conversa com a gameplay, já que ao visualizar o chão onde pisa, é importante saber o tipo de terreno, e as texturas do jogo são muito bonitas, os cenários são bem diferentes e a direção de arte consegue passar muito bem a sensação de desolação após a invasão alienígena. Os alienígenas, aliás, são muito bem modelados e amedrontadores, eles conseguiram capturar com perfeição o terror que eles causam.
Seria pecaminoso que este jogo não tivesse qualidade de efeitos sonoros, então digo que ele se sai de maneira excelente nesse aspecto. Tanto os barulhos do jogador quanto os barulhos das criaturas são bem trabalhados para elevar a experiência do terror. Quando eu pisava só um pouco em pedras, eu já sabia que poderia vir problema. Escutar os estalos dos bichos chegando perto nunca é tranquilo. Jogar de fones de ouvido é provavelmente a dica mais óbvia, então escolha um fone de qualidade e aproveite a experiência.
Conclusão
A Quiet Place: The Road Ahead é um jogo bastante aterrorizante, com ótimos aspectos de gameplay e técnicos, mas a trama fraca acaba sendo um fator que o distancia muito dos filmes que o inspiraram, principalmente no ano em que Um Lugar Silencioso Dia 1 foi lançado e recebeu tantos elogios justamente por conta de sua trama. Aos que não se importam tanto com este aspecto, mas curtem um bom jogo de terror, devem se divertir muito.
Nota: 7.8 de 10.0 em que eu fiz mais barulho do que devia.
Fizemos a review do jogo com uma chave gentilmente cedida pelo TheoGames a serviço da Saber Interactive.
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