Desbravando The First Berserker: Khazan. Uma Review

Lançado no dia 27 de março de 2025, The First Berserker: Khazan é um RPG de ação e aventura, do subgênero Soulslike, desenvolvido pela Neople e publicado pela Nexon. O jogo é baseado no universo de DNF (Dungeon & Fighter).


O jogo começa com uma trama de vingança: Khazan é um herói, um dos seus maiores feitos, junto com seu melhor amigo, Ozma, foi derrotar o grande Dragão Hismar. Mas um dia Khazan é traído: ele é acusado de se voltar contra o imperador. Por conta disto, os tendões dos seus braços são cortados e ele é exilado. Mas Khazan não vai deixar as coisas assim, e logo na primeira fase do jogo devemos reerguer o herói e iniciar seu caminho de vingança.

Trama e narrativa

O jogo entrega muito mais cutscenes e diálogos do que a maioria dos outros jogos do gênero Soulslike. Temos uma linha clara do que está acontecendo e o jogo funciona por meio de missões, então sempre existe um resumo de cada uma das missões antes de iniciá-las.

Uma trama de vingança combina muito bem com o gênero Soulslike, principalmente se atrelar vingança com batalhas épicas contra chefes, mas infelizmente, a trama caminha em outra direção não muito depois de iniciar, e a jornada que antes era apenas de vingança passa a conter mistérios e outros objetivos. A história ainda diverte, mas é previsível na maior parte do tempo. Os NPCs e personagens secundários são operantes, auxiliam a contar a história e nada mais do que isso.


Por outro lado, eu curti o enredo por trás dos chefes principais, eles possuem um pano de fundo que mostra o quão grande esse universo é e que nem tudo está necessariamente ligado com os acontecimentos mais relevantes da trama.

Trilha e gráficos

O jogo possui um estilo cel-shading muito bonito, as cores são vibrantes e tudo orna muito bem. Mas, a nível de gráfico bruto, não excede os olhos e é até fácil de imaginar este jogo rodando na antiga geração sem grandes problemas, mas, infelizmente, está disponível apenas para a atual geração.

A trilha sonora é agradável, gosto que ela acompanha bem os momentos mais melancólicos e dramáticos do jogo, ainda mais quando estamos explorando locais arruinados e perdidos. Não é memorável, mas cumpre bem seu papel.


Os efeitos sonoros estão muito bem trabalhados. Eu joguei com um fone de alta qualidade e o som ambiente ajuda muito a construir este mundo e até mesmo criar tensão, quando, por exemplo, escutamos ao longe barulhos dos inimigos que espreitam pelo cenário. Os poderes de Khazan e dos inimigos possuem a sonoridade adequada e passam com maestria a sensação da brutalidade dos golpes, do tilintar de lâmina contra lâmina etc.

Cenários e inimigos

Os cenários são bem variados, mas não fogem do padrão do gênero. Para quem já jogou alguns, pode ficar batido andar por minas com aranhas gigantes, esgotos, castelos em ruínas, telhados etc.


Os inimigos possuem designs interessantes, mas a repetição deles é um problema (que, a bem da verdade, mesmo gigantes da indústria reutilizam bastante seus inimigos). Temos cachorros, bruxas, magos, cavaleiros, minhocas gigantes, fantasmas, caveiras, dragões. Nada é muito novo, mas no gênero medieval não tem muito como fugir disso.
Os chefes são a atração principal aqui, todos eles têm um visual fantástico e são bem marcantes. Geralmente, o cenário que enfrentamos complementa o visual dos chefes de maneira magistral.

Dificuldade

Um Soulslike sempre é um jogo com uma curva de aprendizado relativamente difícil, mas Khazan eleva essa barra tal qual Sekiro faz, para o bem e para o mal.
Para o bem, nós temos aqui batalhas contra chefes incríveis, divertidas e superdifíceis, e exigem que o jogador aprenda o tempo certo de defesa e esquiva e conquiste seus inimigos. É um jogo que trabalha bem a questão do aprendizado do jogador e o recompensa por isso, nas batalhas contra chefes.


Para o mal, o jogo comete um erro básico: ele não escalona seus desafios corretamente. Explico: as fases que o jogador deve enfrentar antes de cada chefe possuem desafios muito fáceis, veteranos do gênero não encontrarão quase nenhuma dificuldade em prosseguir pela fase inteira, mas ao fim dela, existe um chefe que provavelmente é muito mais difícil do que tudo que este jogador passou antes de chegar até aqui. O papel da fase é preparar o jogador para o chefe, gradualmente, mas The First Berserker: Khazan acaba falhando nisso. É consideravelmente frustrante ter tido tanta facilidade na fase inteira e chegar no fim e encontrar um chefe muito acima do que já tinha sido apresentado até aqui.

Um elogio: o jogo possui um modo fácil, para os jogadores que queiram uma experiência mais tranquila. Dito isto, o modo ainda apresenta bastante desafios, o que muda mais é o dano que os inimigos causam no jogador, mas ainda haverá bastante dificuldades. Não é possível alterar o jogo do fácil para o normal, foi preciso criar um save na nuvem para que eu testasse o modo e depois retornasse para o modo normal.

Exploração e missões secundárias

A exploração do jogo é simples, mas satisfatória. Existem itens e baús escondidos por todo o canto, inimigos opcionais que protegem itens únicos etc. A exploração lembra Demon's Souls: não existem grandes caminhos opcionais, mas você vai querer explorar cada cantinho.

Alguns itens importantes são aqueles que servem para melhorar os espectros: espíritos que concedem bônus específicos quando equipados.


As missões secundárias possuem sempre uma história de fundo, pode ser um pedido de um NPC ou um segredo que precisa ser descoberto que dará mais detalhes da trama do jogo. Neste sentido, é um ponto extremamente positivo; por outro lado, as missões secundárias são derivativas. Elas utilizam os cenários das missões principais, com algumas poucas alterações visuais, e os chefes são variações dos chefes principais ou de inimigos comuns "buffados". É um conteúdo extra, e em tese não faria mal as repetições, mas sendo um Soulslike, existem muitos itens que o jogador vai querer nessas missões, logo, elas poderiam conter um pouco mais de novidade.

Gameplay e combate

O jogo brilha muito neste aspecto. Ele foca em trazer três tipos de armas diferentes: grande espada, armas duplas e lança. Cada uma tem sua própria árvore de habilidades, com ataques especiais (executados quase como as runas de God of War 2018), buffs em bloqueio, desvio etc. Tal qual em Sekiro: Shadows die twice, The First Berserker: Khazan decidiu limitar os tipos de armas para criar uma gameplay mais brutal e estratégica. Como cada arma tem suas habilidades específicas, o jogador ainda vai possuir várias opções de habilidades e melhorar as que gosta mais.



O combate é rápido e preza pela esquiva e parry. É muito divertido e fácil de controlar. O jogo possui um sistema de energia (stamina) para o protagonista e os inimigos, e tal qual Sekiro, quando esta energia acaba, o inimigo fica atordoado, abrindo espaço para um Ataque Brutal. É imprescindível que o jogador utilize essa informação a seu favor, pois quebrar a energia dos inimigos é vital para derrotá-los com mais facilidade.
Os inimigos ao longo das fases podem acabar com você num piscar de olhos, mas, como dito, eles tendem a ser muito menos desafiadores de derrotar do que os chefes, esses sim, são o verdadeiro trunfo do jogo.

Chefes

As batalhas contra chefes são brutais, dificílimas e provavelmente as mais difíceis que já enfrentei nos últimos anos no gênero Soulslike. Mas aprender seus padrões é muito prazeroso. Quando você aprende os golpes e desvia ou deflete no tempo certo, as lutas parecem danças, onde cada passo é calculado milimetricamente. Os chefes possuem muitas variações de golpes, então é possível que na sua décima tentativa, os desgraçados ativem um golpe que você nunca viu.

Os chefes são bem divididos entre classes de ataques físicos e ataques à distância. No geral, o jogo parece ter tentado balancear bem para que os chefes funcionem corretamente para todas as classes, mas não testei muito usando grande espada, a mais lenta das classes.

Os visuais também são imponentes, meu preferido é o Skalpel, que além do visual, tem uma história bem dramática.


Talvez o único ponto negativo dos chefes seja que alguns parecem demorar mais para morrer do que deveriam, tornando as batalhas bem longas, mesmo quando o estilo do jogador envolve dano rápido e preciso.

Conclusão

The First Berserker: Khazan é uma longa aventura, durando entre 35 a 45 horas de jogo, caso você faça algumas missões secundárias específicas que concedem itens que considero relevantes.

É uma aventura bastante completa, extremamente competente e divertida, principalmente se levarmos em conta ser o primeiro Soulslike da Neople. Apenas posso dizer que estou ansioso pelos próximos RPGs de ação da desenvolvedora.

Nota: 8.2 de 10.0 vezes que comemorei a vitória xingando o chefe.



Um agradecimento à Nexon e à Neople, que, através da equipe da TheoGames, nos forneceu a chave do jogo para análise!

Escrito pelo andarilho Júlio Santos.

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