Desbravando Clair Obscur: Expedition 33. Uma Review
Clair Obscur: Expedition 33 é um RPG de turnos desenvolvido pela Sandfall Interactive e publicado pela Kepler Interactive. A trama acompanha uma cidade, Lumiére, que vive num ciclo de mortes que atingem pessoas de uma determinada idade. O acontecimento se chama Gommage, e quando ele chega, uma expedição de voluntários embarca numa missão para derrotar a Artífice, um ser que os moradores de Lumiére julgam ser a responsável pelo Gommage.
Trama e personagens
Os principais elementos da trama são apresentados num prólogo muito bem executado. Nós vamos descobrindo aos poucos como esse mundo funciona, sem diálogos carregados de exposição ou sem apresentar nada que você não precise saber exatamente naquele momento. A construção de mundo é trunfo desta narrativa, que emprega uma história com muitas reviravoltas.
O jogo estabelece a aventura com um objetivo muito humano: lutar pela sobrevivência, de si mesmo ou dos outros. O jogo parte do ponto de que, quando unidos, somos mais fortes e a mensagem persiste com o jogador de maneira orgânica, então é difícil que o jogador não esteja completamente preso no jogo nas primeiras 3 horas de campanha.
Os antagonistas do jogo são muito bem escritos, com objetivos justos. O jogo foge do velho maniqueísmo e entende que nem sempre as coisas são preto no branco (como cita até o nome "clair obscur"). Já os heróis, são igualmente profundos.
Os personagens, por sinal, são muito bem escritos, e o jogo sabe lidar com os problemas que eles possuem vivendo a vida que vivem. Existem muitos diálogos opcionais que aprofundam o grupo principal e tornam a aventura ainda mais pessoal. Deixo um destaque especial para Gustave, Maelle e Verso. Estes três personagens são muito distintos entre si e são o alicerce da trama e dos sentimentos que permeiam toda a aventura.
O trabalho de dublagem é fenomenal, com atores talentosíssimos que pintam com perfeição todos os personagens. Aliás, nos bastidores do jogo, soubemos que a principal escritora do jogo supervisionou as dublagens, o que garante o melhor trabalho possível de voz.
A beleza em todos os sentidos
O trabalho de Clair Obscur: Expedition 33 enxerga beleza na melancolia de maneira magistral. O mundo apresentado aqui saiu de mentes verdadeiramente criativas. Apesar de o jogo não possuir gráficos de ponta, a direção de arte faz um trabalho primoroso de cores e disposição de cenários. A cada nova etapa, o jogo apresenta um ambiente lindo a ser explorado. Existem florestas, penhascos ventosos, vilas, templos etc.
A trilha sonora é outro elemento fenomenal, que vai de músicas instrumentais até músicas com vocais na língua francesa. Nos momentos mais explosivos da campanha, a música vem numa crescente primorosa, dá até vontade de levantar da cadeira nas batalhas mais épicas quando a música começa a subir o tom conforme a batalha vai ficando mais apertada.
Exploração
O mundo de Clair Obscur é cheio de coisas para se fazer: minigames, diálogos opcionais, chefes secretos, itens escondidos. Parece um RPG de calibre AAA. Existem cosméticos para serem liberados que dão à sua equipe o visual que você desejar.
Um dos itens mais importantes do jogo são os pictos: itens que concedem status diferentes para lhe ajudar em batalha, como por exemplo, fazer com que um personagem renasça uma vez ao morrer, ou então dar mais dano em ataques simples, etc. Encontrá-los sempre é uma grande recompensa.
O jogo acessa as áreas maiores do jogo através de um mapa explorável típico de RPGs como Chrono Trigger ou Final Fantasy VII. Neste mapa, é possível enfrentar chefes gigantescos e completamente opcionais, além de encontrar locais escondidos que podem revelar mais sobre este incrível mundo.
Jogabilidade e chefes
É difícil dizer qual elemento de Clair Obscur: Expedition 33 é o melhor, mas se eu tivesse que escolher um, certamente seria a jogabilidade. O sistema de combate do jogo segue o padrão em turnos, mas complementa isso com um sistema de esquiva, apara e salto. Cada um deles é usado de maneira diferente em batalha e serve para tornar as batalhas frenéticas, em que cada segundo importa.
As esquivas são mais fáceis de serem executadas, mas não garantem dano contra os inimigos, diferente das aparas. Quando um inimigo ataca uma sequência, caso o jogador apare todos os golpes, um contra-ataque explosivo é executado, garantindo dano considerável ao inimigo. Alguns golpes somente podem ser evitados com um salto, que também são oportunidades de contra-ataque.
Cada personagem possui um tipo específico de golpes, focados em estratégias diferentes. Pode parecer complexo no início, mas depois de entender melhor o que cada personagem faz, é possível montar uma party explosiva, com cada personagem incrementando as habilidades dos outros.
A filosofia do jogo mantém um jogo rápido e batalhas contra chefes inacreditáveis e grandiosas. O sentimento de urgência é ampliado pela tentativa de sobreviver a ataques rápidos e poderosos. Eu admito, não sou o mais versado em RPGs de turno, mas, independente disso, os chefes desse jogo são uns dos mais divertidos que já enfrentei em qualquer RPG, na verdade, em qualquer jogo. As batalhas são desafiadoras na medida (no modo normal), mas para quem deseja um combate mais desafiador, o jogo possui a dificuldade mais alta.
Conclusão
O jogo tem uma duração de 20 a 25 horas, podendo chegar a muito mais que isso caso seja explorado 100%. Ele está disponível para PS5, Xbox Series X/S e PCs. Ele está disponível na assinatura do Game Pass e seu valor varia entre 199,00 e 249,50 entre as plataformas citadas.
Clair Obscur: Expedition 33 é um jogo cheio de coração em cada um de seus aspectos. Ele discute luto, vida e morte de uma maneira muito sincera e com muitas nuances. É difícil até apontar um erro, talvez os menus pudessem ser mais claros e até termos um sistema que marcasse locais visitados e itens adquiridos, mas nada disso é capaz de manchar a qualidade desta incrível aventura. É, desde já, um dos melhores jogos do ano e um marco absoluto para jogos indies.
Escrito pelo andarilho Júlio Santos.
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